A sigla “MC” normalmente utilizada nos Brasões e nos
coletes por si só já indica que a palavra é composta por dois nomes,
portanto o correto é Moto Clube, ou no plural, Moto Clubes.
A sigla MC no Brasil é a abreviatura de Moto Clube, no
plural MCs. No exterior o MC significa Motorcycle Club e só é utilizada
por legítimos e tradicionais MCs, pois no exterior MCs não podem ser
fundados clubes à revelia, somente Moto Grupos ou Facções podem ser
criadas em territórios já pertencentes a MCs radicais.
Um Moto Clube pode ter além de sua sede, integrantes
residentes em outras cidades e até em outros países, que tendo número
necessário de integrantes é denominada de Facção, no caso de apenas um
motociclista fora da sede é tido tão somente como um Representante.
Somente na sociedade existem embaixadores, no motociclismo só existem “Representantes”.
Uma Facção também pode possuir sede própria na cidade
onde se situa, mas não pode ter Estatuto próprio ou diretrizes
diferentes da sede. A Facção utiliza o mesmo Brasão, e é recomendada a
inscrição do nome da cidade, em outro bordado anexo à ele. O responsável
pela Facção é o Diretor da Facção, não existindo outro “Presidente”.
Qualquer entidade social, devidamente registrada, tem
que ter registrada sua Ata de Criação e por conseguinte a Diretoria que a
compõe, ou seja, segundo normas da legislação ( código civil ) e também
de nossa Irmandade, um número mínimo de seis ( 06 )integrantes.
No motociclismo um MC pode ser dirigido por apenas um
Presidente, ou até por um Conselho de Diretores, mas o correto é que
exista o Presidente, o Vice e sua Diretoria com cargos hierárquicos,
podendo alguns cargos serem acumulativos.
Moto Clube de apenas um integrante, ou um motociclista e
sua garupa, não existe pois um Clube é formado por sócios, integrantes,
companheiros, amigos e acima de tudo irmãos… e menos de 6 integrantes é
um pequeno grupo, no máximo podendo ser denominado de Moto Grupo.
Um Moto Clube é uma Associação de motociclistas para
determinados fins, sejam eles quais forem, podendo inclusive um Moto
Clube ser especifico para realizar competições ou possuir interesses
comerciais e lucrativos. Já um Moto Grupo é mais simples, desde a sua
formação, ideologia e fins, que normalmente são mais voltados apenas
para o agrupamento de motociclistas e voltado para o lazer, sem
compromissos diretos ou indiretos com a sociedade ou a própria
Irmandade.
Toda agremiação antes de se tornar um Moto Clube deveria
passar pelo estágio de Moto Grupo. Da mesma forma que um integrante
começa como PP e só recebe o Brasão após ser aceito pelos irmãos, um MG
só deveria passar a MC após ser aceito pela irmandade.
O Brasão, símbolo ou escudo é a identificação visual
que o motociclista escudado porta de seu Moto Clube. Essa identificação é
o que lhe diferencia dos demais motociclistas. O Brasão é a “bandeira”
ou “as cores” do MC, nele estão representados basicamente o logotipo do
Clube ( Normalmente um desenho que diz respeito ao nome ), o Nome, a
sigla “MC” ou “MG” ( MC = moto clube; MG = moto grupo e em outros
estados pode mudar de sigla, como por exemplo no estado do Paraná é MA =
moto amigos ), nome da cidade e estado. Para um motociclista portar nas
costas o brasão ou símbolo de um Clube ele tem que provar merecê-lo, é
observado por meses, ou até mesmo por anos dependendo do estilo do
clube, e tem que provar ser um motociclista responsável e um verdadeiro
irmão de seus companheiros, sejam eles do mesmo MC ou não. Portanto
frequentar a Irmandade sem portar o brasão ou símbolo do clube a que se
pertence é renegar suas cores e renegar o apoio aos demais irmãos. Em
Eventos a presença dos MCs é marcada por bandeiras com seus brasões e
símbolos, cada um com suas cores e filosofias.
Os novos integrantes devem receber os Brasões por
etapas, a medida que forem subindo de estágio. Ao entrar deve acompanhar
os novos irmãos sem portar nada nas costas do colete, após ser aprovado
no primeiro estágio recebe a primeira parte “PP”, depois sobe “Meio
Escudo” e por fim “Escudo Fechado” quando passa realmente a pertencer ao
Clube, pois antes disso não é integrante efetivo e qualquer deslize
pode tirar-lhe o privilégio de ingressar no MC.
Ultimamente muitos Clubes descobriram que existem
outros com o mesmo nome ou brasão, agora cabe a eles entrarem em acordo
para que a coincidência de nomes e símbolos não venham causar problemas.
Clones devem ser tratados e resolvidos sem brigas, com boa vontade e
criatividade tudo se resolve. Se tudo isso não resolver, entrar com
pedido judicial será o próximo nível da questão, desde que devidamente
legalizado perante a lei. Como regra geral prevalece o nome para o MC
mais antigo, seja por registro ou por reconhecimento pela Irmandade,
cabendo ao mais novo a troca, alteração ou afiliação do nome ou símbolo.
Se um motociclista escudado comete um ato indevido, e se existem mais
Clubes com o mesmo nome, outro MC pode ser penalizado por culpa de um
integrante que não lhe pertença. Da mesma forma não é admissível brasão,
símbolos ou nomes clonados ou muito semelhantes, é muita falta de
respeito, pense nisso!
A palavra irmandade provém de irmão, portanto
considerando-se que os motociclistas possuem os mesmos ideais
relacionados à motocicleta, se consideram “irmãos por afinidade” e
portanto pertencem a uma mesma Irmandade. Claro que isso vem de muito
tempo e esta Irmandade cresceu baseada em tradições e regras próprias
que a tornam única, portanto sua ideologia não deve ser desvirtuada mas
sim preservada a todo custo sempre honrando suas cores, um dos outros,
cada um com a sua bandeira.
Apesar dos esclarecimentos descritos acima, tais regras
contidas na tradição do motociclismo são repassadas por gerações entre
seus irmãos e suas aplicações são feitas pelos Moto Clubes, reais
representantes dos motociclistas.
Quanto ao registro de MCs há controvérsias, existem
hoje segmentos dentro da Irmandade que só reconhecem os Clubes que são
registrados em Cartório, já outros acham que isso e coisa para Empresa,
que um MC é algo diferente, apenas uma união de Irmãos que compactuam a
mesma opinião, podendo até divergir em alguns assuntos, mais que todos
seguem numa única direção pensando no MC, sem muita burocracia.
Considerando-se que MCs podem ser fundados com diversos fins, ambos
estão certos, pois para aqueles com envolvimento financeiro, comercial
ou que de alguma forma necessite do CGC ou CNPJ, o registro é vital, mas
para os mais radicais e voltados para a organização tradicional, o
registro é dispensável.
Notem que um segmento perpetua as raízes, décadas e
séculos de regras, história e tradição. Já o outro segmento é moderno, é
menos radical e está mais ligado à sociedade civil do que a própria
Irmandade. No fim estes Moto Clubes possuem as mesmas finalidades,
reunir os motociclistas, portanto só cabe aos novos Moto Clubes e
motociclistas se decidirem por uma filosofia nova ou a tradicional.
Vale frisar também que nos dias de hoje a burocracia é
um mal necessário, visto que um MC sem registro não aluga imóvel para a
sede, não abre conta em banco, não contrata funcionários, não se filia a
Associações ou Federações, não tira alvará para realização de Eventos, e
em alguns estados e países não pode nem rodar nas estradas sem o mesmo.
Moto clubes ao contrário do que os leigos e
desinformados pensam não é um grupo de motociclistas que apenas se
reúnem para lazer e seus integrantes usam nas costas um desenho por
estética! Moto clubes são associações baseadas na Irmandade e tradição
biker. Hoje em dia precisamos diferenciar um moto clube autêntico dos
diversos grupos que deveriam receber qualquer denominação exceto moto
clube, como exemplo de grupos que não têm nada a ver com moto clubes e
que no máximo poderiam ser denominados moto grupos. Podemos citar como
exemplo os “caçadores de troféus”, ou seja, grupos ou pessoas que vestem
colete sem saber seu real significado apenas para conseguir lembranças
que normalmente são entregues aos moto clubes como lembrança do seu
evento.
A história do surgimento dos moto clubes é de certa
forma complexa, pesquisando você encontra informações que associa o
surgimento, em parte, ao final da guerra onde ex-militares e pilotos no
pós guerra teriam feito da moto o veículo de busca de adrenalina
formando diversos grupos como 13 Rebels e os Yellow Jackets da
Califórnia. Nessa época já usavam identificação do grupo e mais tarde
foram desenvolvendo os escudos ( brasões ) que passaram a defender e
adaptavam as regras da hierarquia militar em uma irmandade formada por
cargos eletivos das associações. Sabemos que muito antes disto os
motociclistas já haviam percebido as vantagens de andar em grupo e já
existiam associações que eram entidades sociais de pessoas que andavam
de motos. A sociedade ainda confunde motociclistas com motoqueiros que
aparecem em nossos encontros fazendo arruaças ( estouro de motor,
borrachão, empinadas, etc. ). Além disso de 5 eventos motociclísticos 3
são na verdade feiras comerciais imbutidas em nomes de encontro nacional
e nada a tem a ver com nossos princípios.
A partir da década de 70 viu-se a implantação de
diversos moto clubes pelo mundo, a maioria já seguindo o princípio de
hierarquia e irmandade. No Brasil a popularização iniciou-se na década
de 90.
Hoje muita coisa anda desvirtuada, moto clubes são
criados a revelia, como nomes perjorativos e por pessoas que desconhecem
a história e o espírito biker, sequer sabem o significado de um brasão,
honrar e respeitar as cores e muito menos seguem os princípios de
irmandade. Os moto clubes autênticos foram forçados a criar campanhas
para evitar abusos e coibir arruaceiros em seus eventos, em
contrapartida a cada dia são criados novos eventos que nada têm a ver
com as tradições biker, na verdade são eventos que enriquecem
empresários e promovem candidatos políticos que se aproveitam da
popularidade para atrair admiradores de motos, já que os motociclistas
autênticos passam longe de tais encontros.
Texto da página do facebook do motociclista Canibal Paulo
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